quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Interpol pede prisão do fundador da Wikileaks

A Interpol emitiu nesta quarta-feira uma ordem de detenção do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, cujo site publica desde domingo uma série de documentos secretos de embaixadas dos Estados Unidos, que provocaram uma verdadeira crise na diplomacia mundial.

A organização policial internacional, com sede em Lyon, informou ter transmitido a seus 188 Estados uma "notificação vermelha" contra Assange, australiano de 39 anos, procurado na Suécia por acusações de estupro e agressão sexual.

"Há uma 'notificação vermelha' pública por parte da Suécia", anunciou à AFP um porta-voz da Interpol.

A organização recebeu "o pedido de captura para extradição" da Suécia em 20 de novembro.

As "notificações vermelhas" são usadas para solicitar a prisão preventiva para extradição de uma pessoa procurada, e é baseada em uma ordem de prisão ou em uma decisão judicial.

A mãe de Assange afirmou nesta terça-feira que não quer que seu filho seja "caçado" pela Interpol.

"Ele é meu filho e eu o amo, e obviamente não quero que ele seja caçado e preso", afirmou Christine Assange à rede pública de televisão australiana.

"Estou reagindo como qualquer outra mãe reagiria - estou angustiada".

As revelações do último lote de documentos publicados pelo Wikileaks provocou uma verdadeira catástrofe diplomática mundial, ao divulgar documentos secretos de embaixadas americanas na internet.
As correspondências fazem parte do pacote de mais de 250 mil comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site Wikileaks teve acesso e que começou a vazar no domingo.

O Paquistão tentou minimizar nesta quarta-feira os temores dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha de que suas armas nucleares possam cair nas mãos de terroristas, revelados pelos documentos diplomáticos.

O jornal britânico The Guardian publicou o trecho de um telegrama assinado em 2009 pela embaixadora dos Estados Unidos em Islamabad, Anne Patterson, que menciona os temores.

"Nossa principal preocupação não é que um militante islamita possa apropriar-se de um artefato, e sim o risco de que alguém trabalhando em uma instalação do governo do Paquistão possa retirar progressivamente material nuclear para produzir eventualmente uma arma", afirmou a embaixadora no documento.

"Os temores dela estão fora de propósito e, sem dúvidas, revelam uma arrogância, pois jamais aconteceu um só incidente relacionado a nosso combustível nuclear, o que demonstra que controlamos estritamente nossas instalações", afirmou à AFP Absul Basit, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

Em outro trecho, os Estados Unidos demonstram preocupação com o potencial da região da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) de funcionar como base logística e operacional para terroristas.

Um documento emitido em 1º de agosto de 2008 mostra que os Estados Unidos estão apreensivos, principalmente com a possibilidade de que grupos terroristas se aproveitem da falta de vigilância na região para arrecadar fundos ou organizar a logística de atentados.

Phillip Chicola, então chefe adjunto da missão americana em Brasília, indica que algumas condições na tríplice fronteira - como o "controle de fronteira frouxo, contrabando, tráfico de drogas, fácil acesso a documentos falsos e armas, circulação de bens falsificados e fluxos de dinheiro fora de controle" - podem atrair terroristas para a região.

O texto afirma ainda que as autoridades brasileiras são "altamente sensíveis a alegações públicas de que organizações terroristas ou extremistas estão presentes ou mantêm atividades no Brasil". Ao mesmo tempo, conclui que "há poucas evidências" de que estes grupos operem na região.

Em outro ponto do texto, o diplomata lembra que o governo brasileiro "se recusa a classificar, retórica ou oficialmente, grupos considerados terroristas pelos EUA, como o Hamas, o Hizbollah e as Farc", da mesma forma.

No entanto, a mensagem diz que "apesar da retórica negativa do Itamaraty e dos altos escalões do governo brasileiro", as agências de segurança e inteligência do país "estão cientes da potencial ameaça" de que terroristas explorem "condições favoráveis de operação" existentes no Brasil.

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