sexta-feira, 25 de março de 2011

Nossos RPGs ainda precisam de tantos números?



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Eu sei que os games de RPG devem sua existência aos RPGs de mesa e, como resultado, partilham muitos dos costumes e tradições. Afinal, se os jogos de mesa precisam de dados e valores numéricos para simular ações, então é natural que os primeiros games de RPG fizessem o mesmo. Mas por que ainda estamos fazendo isso em 2011?

Esses valores eram úteis nos primeiros RPGs porque os jogos eletrônicos, como os antepassados de mesa, simplesmente não eram sofisticados o suficiente para trabalhar sem eles. Ver seu personagem representado por uma gigantesca pilha de números – pontos de vida, pontos de dano, mana, etc – e depois ver suas ações serem pautadas por aqueles números era o que dava vida ao jogo. Uma vida fria e abstrata, talvez, mas vida mesmo assim.

Hoje, no entanto, eu adoraria ver esse peso sendo tirado das nossas costas. Gostaria que os desenvolvedores parassem de confiar em representações abstratas e começassem a tornar as coisas um pouco mais literais. Os números ainda precisariam estar lá, é claro. Em jogos de videogame, eles sempre estão. Eu só não quero mais vê-los.

Eu sei que esse um argumento poderia ser aplicado para vários tipos de jogo, inclusive jogos de esporte, mas aqui eu vou falar apenas sobre os RPGs.

Os fãs mais antigos do gênero (e fãs dos RPGs japoneses, em especial) podem se revoltar contra isso, mas jogos como Mass Effect 2 – e em menor medida Oblivion e Fallout – já tomaram passos largos nessa direção, varrendo a maior parte da enxurrada de número que já foi a essência de um RPG para debaixo do tapete, deixando recursos sofisticados de programação cuidarem dos cálculos enquanto você se preocupa com coisas mais superficiais.

Compare, por exemplo, a experiência de Mass Effect 2 com a de um RPG mais tradicional. Você ainda está fazendo, em grande parte, as mesmas coisas: você está liderando uma equipe em uma jornada épica, você está explorando mundos, você está dialogando com personagens, você está evoluindo e tendo acesso a equipamentos novos e habilidades aperfeiçoadas ao longo o caminho.

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No entanto, se você pedir para alguém jogar Mass Effect 2 e depois jogar um RPG mais “tradicional” – seja ocidental ou japonês – ele diria que são dois jogos completamente diferentes, o ritmo rápido e envolvente do primeiro em contraste com obsessão do segundo por estatísticas, porcentagens, números e gerenciamento de inventário.

Gostar de um ou do outro (ou de ambos) é algo totalmente subjetivo, mas para mim, o verdadeiro objetivo (e o apelo) de um jogo de RPG é a interpretação de personagens. Crie um personagem e siga em uma aventura. Como as brincadeiras de faz-de-conta quando éramos criança, só que com um roteiro melhor. Eu não sei quanto a você, mas minhas fantasias eram sobre explorar mundos e quebrar a fuça dos meus inimigos, não lidar com números, estatísticas e inventários limitados.

A aceitação e a predominância de estatísticas e números é uma convenção do gênero que nós aprendemos a aceitar, mas isso não significa que elas têm de ser uma característica obrigatória. Pontos de Mana não são a base de nenhum um RPG, nem mesmo os de mesa. A base de qualquer RPG é a interpretação de personagens que se envolvem em aventuras. É impressionante ver que, apesar de já não precisarmos dessas antigas convenções, muitos desenvolvedores e fãs se apegam a elas como marcas registradas do gênero.

Para quem gosta de RPGs por causa desses números e estatísticas,um alerta: não estou atacando o seu passatempo favorito. Eu consigo ver o apelo estratégico e calculista dos números, para não falar da sensação de poder quando vemos aqueles numerais de 10 dígitos. Você não está sozinho, e sempre haverá jogos para você. As empresas ainda estão fazendo jogos de ação em 2D quase 30 anos após o nascimento deles, então podemos esperar que os RPGs por turno e recheados de números também terão seu lugar sempre garantido na indústria. Especialmente se o Japão tiver alguma coisa a dizer sobre isso.

Mas para aqueles que, como eu, preferem o lado humano de aventura em comparação com o lado matemático, eu adoraria ver um futuro em que mais jogos se libertassem dos paradigmas do gênero e deixassem todos os cálculos para o computador.

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Imagem 1: Final Fantasy XIII e números para encher três planilhas de Excel]
[Imagem 2: Mass Effect 2, que troca números por uma abordagem mais visual]
 fonte: Kotaku


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