Uma nova tecnologia de geração de imagens para telas e monitores poderá permitir que os papéis eletrônicos e os leitores eletrônicos - os chamados e-Readers - tornem-se tão baratos que poderão até mesmo ser descartáveis.
A nova tecnologia de geração de imagens promete tornar os leitores eletrônicos - os chamados e-Readers - tão baratos que poderão até mesmo ser descartáveis. [Imagem: University of Cincinnati Nanoelectronics Laboratory]
Embora o setor de alta tecnologia ainda não esteja muito avançado quando o assunto é a reciclagem, equipamentos mais baratos têm um grande apelo e podem viabilizar novas aplicações.
Telas de papel e água
O grupo do Dr. Andrew Steckl, da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, começou a brilhar no mundo das telas e monitores em 2004, quando lançaram os primeiros pixels baseados em elementos de terras raras.
Agora, Steckl e seu colega Duk Young Kim descobriram que é possível usar papel comum como substrato flexível para um tipo de tela baseada em um princípio chamado eletroumectação.
A eletroumectação consiste na aplicação de um campo elétrico em minúsculas gotas de água coloridas, dispensando o uso de filtros e tornando a tecnologia potencialmente muito mais barata.
As telas de aparelhos como o iPad utilizam tecnologias muito mais complicadas e mais caras, cujos circuitos são montados em placas rígidas de vidro. Leitores como o Kindle, por sua vez, embora já utilizem eletrônica orgânica, que pode potencialmente chegar a ser flexível, ainda estão limitados aos tons de cinza.
Papel eletrônico
"Um dos principais objetivos do papel eletrônico é replicar a aparência e a sensação do papel impresso real," defendem os pesquisadores em um artigo que mereceu a capa da atual edição de uma das revistas científicas mais importantes da área.
Com tal purismo, os cientistas nem foram atrás de imitações, e resolveram usar o próprio papel como substrato.
"Com o papel certo, com o processo certo e com a técnica de fabricação adequada, você pode obter resultados que são tão bons quanto os que você obtém com o vidro, e nossos resultados são bons o suficientes para um leitor eletrônico capaz de mostrar vídeos," diz o Dr. Steckl.
A eletroumectação consiste na aplicação de um campo elétrico em minúsculas gotas de água coloridas, dispensando o uso de filtros e tornando a tecnologia potencialmente muito mais barata. [Imagem: Kim/Steckl/ACS]
Segundo ele, uma tela baseada no seu papel eletrônico poderá ser totalmente enrolável, vai lembrar o papel em aparência e ao toque, e poderá ser usada para leitura, para navegação na internet ou para ver filmes, mesmo em condições externas, com o dia claro.
"Nós esperamos ter algo que realmente se parecerá com papel, mas se comportará como um monitor de computador em termos de sua capacidade de armazenar e mostrar informações. Nós poderemos ter algo que será muito barato, muito rápido, full-color e que, no final do dia ou da semana, você poderá jogar no lixo," prevê o pesquisador.
Leitores eletrônicos descartáveis
E por que alguém iria querer jogar seu Kindle ou seu iPad no lixo depois de apenas uma semana de uso, se ele pode ser usado para múltiplas leituras?
O Dr. Steckl defende seu ponto de vista: "Em geral, este é um método elegante para reduzir a complexidade do aparelho e o seu custo, resultando em equipamentos descartáveis."
Elegante ou não, reciclar o novo papel eletrônico do Dr. Steckl será realmente muito mais simples do que reciclar as telas atuais.
Só que reciclar papel comum é mais simples do que reciclar o novo papel eletrônico - mas provavelmente este não será assim tão barato a ponto de viabilizar jornais e revistas de papel eletrônico e a preocupação provavelmente se mostrará injustificada.
Steckl e Kim foi a mesma dupla que inventou o LiquiFET, o primeiro transístor de estado líquido, um marco no desenvolvimento dos biochips.