quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Inquérito na PF irá investigar autores de ataque contra site da Presidência



Polícia verificará que medidas podem ser feitas contra culpados, diz Serpro.
Hackers dizem que não têm medo de serem pegos.

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Site oficial da Presidência sofreu ataque
no domingo (2).

  A assessoria de imprensa do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) informou nesta terça-feira (4) que um inquérito será instaurado na Polícia Federal para verificar se é possível identificar os responsáveis pelo ataque contra o site oficial da Presidência da República no domingo (2) e quais medidas podem ser tomadas contra eles.

“Em toda tentativa de bloqueio na segurança da Presidência, é padrão do órgão e da Polícia Federal investigar quem são os responsáveis”, explica Carlos Marcos Torres, gerente da assessoria de imprensa do Serpro.

O departamento de comunicação da Polícia Federal confirmou que o órgão está recebendo os documentos do Serpro referentes à segurança do site da Presidência e que, assim que o recebimento for concluído e formalizado, o inquérito será aberto.

Segundo Torres, o Serpro já criou uma estratégia de bloqueio ao ataque de "negação de serviço" utilizado pelo grupo e que o órgão já tomou medidas para prevenir que esse tipo de ofensiva aconteça no futuro.

Na segunda-feira, o Serpro confirmou, após análise técnica, que o site da Presidência sofreu ação de hackers na tarde de domingo (2). O grupo "Fatal Error Crew" assumiu o ataque.

“O Serviço Federal de Processamento de Dados confirma que no domingo, dia 2 de janeiro de 2011, houve uma sobrecarga de acessos provocada intencionalmente nos sites presidência.gov e brasil.gov, que tornou os endereços instáveis por algumas horas”, diz nota divulgada pelo Serpro. Quem tentou acessar os sites no domingo teve dificuldades para abrir a página por causa da lentidão de download.

Na nota divulgada, o Serpro destacou que “todos os dados protegidos do governo brasileiro mantiveram-se seguros, sem qualquer invasão ou dano dos sites ou das suas bases de dados". A equipe técnica do órgão “estabilizou” o site às 21h30 de domingo. De acordo com o Serpro, o site da Presidência tem capacidade para suportar até 4,5 mil acessos simultâneos.

'Atacamos por diversão', diz grupo hacker
O grupo que assumiu o ataque ao site da Presidência, o "Fatal Error Crew", disse em entrevista ao G1, que derrubou o endereço por diversão, para mostrar que a segurança dos servidores brasileiros é frágil e para protestar contra a eleição da presidente Dilma Rousseff. Formado em 2001 e atualmente com dois integrantes, os hackers afirmam que já desfiguraram mais de 56 mil sites.

De acordo com o grupo, a mensagem que eles querem passar para a população por meio dos ataques é que "votar é algo sério" e pedem que as pessoas pesquisem tudo sobre o candidato antes de votar.

Embora tenham atacado o site da Presidência, o "Fatal Error Crew" afirma não ter medo de ser punido. "As leis do Brasil ainda não foram adequadas a crimes virtuais. O ataque teve origem de servidores de diferentes locais do mundo e é praticamente impossível de nos localizarem", disse um dos membros do grupo ao G1. "Se não tivéssemos anunciado [a autoria do ataque], ninguém iria saber".

O advogado e professor em direito eletrônico Rony Vaizonf, no entanto, disse que esse tipo de delito se enquadra no artigo 163 do Código Penal como crime de dano ao patrimônio, prevendo de 1 a 6 meses de prisão. "Entretanto, como o ataque foi em um site do governo, é possível que o delito seja classificado como dano qualificado, que prevê de 6 meses a 3 anos de prisão", disse.

Entenda como ocorreu o ataque
De acordo com o grupo “Fatal Error Crew”, foi utilizada uma "negação de serviço" (em inglês, DDoS ou Distributed Denial of Service) que é a "criação artificial de um número elevado de solicitações simultâneas" a um servidor. O golpe é similar ao utilizado recentemente por hackers para derrubar sites de Visa e do Mastercard em protesto contra a proibição de doações ao site WikiLeaks.

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Piratas virtuais usam 'computadores zumbis' para sobrecarregar o sistema com acessos fajutos, impedindo-o de atender à solicitações legítimas.

O objetivo da negação de serviço é tornar o site indisponível. Um ataque de negação de serviço em um servidor de e-mail, por exemplo, o incapacitaria de processar novas mensagens, da mesma forma que um servidor web não poderia mais exibir páginas de internet. Em um PC doméstico, o ataque de negação de serviço pode resultar no congelamento do sistema ou no travamento de um dos aplicativos.

De acordo com o colunista de segurança para o PC do G1, Altieres Rohr, "ataques DDoS são normalmente difíceis de contornar porque as solicitações maliciosas, com o intuito de sobrecarregar o serviço, costumam chegar de diversos computadores diferentes. Não dá para simplesmente bloquear o acesso dos computadores ao servidor, porque são muitos".

Segundo ele, o servidor DNS (Domain Name Server ou Sistema de Nomes de Domínios, em português, que 'traduz' o nome do domínio, 'g1.com.br', por exemplo, para um endereço IP) é especialmente vulnerável aos ataques porque usa o protocolo UDP (User Datagram Protocol), que não verifica o "remetente" da conexão. Os criminosos eletrônicos podem, portanto, forjam o endereço de origem do ataque, de modo que fica difícil saber sua origem.

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O uso de filtros e configurações de rede avançadas dispersam as conexões maliciosas, permitindo que o alvo continue atendendo as solicitações legítimas

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