Mesmo com o problema enfrentado pelas autoridades japonesas, com um possível vazamento de material radioativo após maremoto, coordenador da Eletronuclear garante que usinas são seguras.
De acordo com o José Manuel Diaz Francisco, coordenador de comunicação e segurança da Eletronuclear - subsidiária da Eletrobras que opera usinas termonucleares do país -, as usinas possuem um conceito obrigatório de projeto que inclui a sismicidade (número e intensidade dos sismos que ocorrem em uma região).
"Esse valor é baseado em estudos científicos. No Japão o critério de sismicidade é alto e por aqui muito baixo", conta Francisco, que também explica que Alemanha e Estados Unidos também usam o mesmo critério, usado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, da inglês International Atomic Energy Agency), que integra a Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, Francisco explica que, cientificamente, não é possível ocorrer tsunamis no oceano Atlântico devido ao posicionamento e movimentação das placas tectônicas no fundo do mar.
"Do lado do Atlântico existe uma fenda [entre placas], mas ela é de afastamento lateral e não de formação de degraus como no Pacífico, então não tem formação de tsunamis", explica o especialista da Eletronuclear, que confere a uma "universidade independente" não identificada a confirmação dos estudos que revelaram essa particularidade.
"Não há possibilidade de tsunami do lado direito do Atlântico sul", reitera, categórico.
Questionado sobre o risco que a população japonesa sofre com um eventual vazamento de material radioativo, Francisco diz que as 11 usinas desligadas após os abalos foram por medidas preventivas, por oscilação no sistema elétrico.
Sobre a usina que oferece maior risco nuclear, o especialista explica que o resfriamento forçado não funcionou e que os geradores a diesel internos "falharam e houve perda de energia".
No núcleo do reator as substâncias radiotivas se movimentam em temperaturas já elevadas, de 300ºC a 400ºC, e em volta do núcleo circulam ininterruptamente substâncias com poder de resfriamento. Se esse processo não ocorre corretamente, a temperatura no núcleo pode chegar a 2.000ºC e "vaporizar" as substâncias radiotivas, contaminando o meio ambiente.
Para José Goldemberg, físico e professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), os problemas enfrentados no Japão com as usinas nucleares "só mostram que não há segurança completa".
"Do ponto de vista geológico o Brasil é muito estável, o problema é que o coração do reator tem uma temperatura muito elevada e esse é o maior perigo, o de vazamento. A energia nuclear é um eterno perigo e, com outras opções de matriz, ela não vale o risco", completa Goldemberg.
Já Francisco diz que o Brasil "está preparado para caso de terremotos e outros fenômenos previstos".
Usinas em Angra
Edson Kuramoto, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), reitera os procedimentos de segurança para a construção de usinas nucleares e afirma também que os constantes desligamentos das usinas de Angra (em 2011 já foram três) demonstram a segurança do sistema.
"Isso mostra que os sistemas de segurança estão funcionando. Se elas são desligadas é para garantir a segurança da usina". diz Kuramoto.
No Brasil, o funcionamento das usinas nucleares é fiscalizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). "Eles têm seis residentes na região, que participam de todas as reuniões e fazem as revisões periódicas.
Completam o cerco para a segurança das nucleares o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a IAEA, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle (Abac) e a Associação Mundial dos Operadores Nucleares (Wano, do inglês World Association of Nuclear Operators).
Situação nuclear no Japão
Um nível de radioatividade mil vezes superior ao normal foi detectado em uma usina nuclear do nordeste do Japão, após o tremor que abalou o país na sexta-feira (11/3), informou a agência Kyodo, citando uma comissão de segurança.
Três reatores da central nuclear de Fukushima 2, localizada a 12 km da usina de Fukushima 1, perderam parte de sua capacidade de resfriamento, indicou a companhia Tokyo Electric Power (Tepco).
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, pediu à população que observe um raio de 10 km de isolamento em torno da central nuclear de Fukushima, e admitiu o risco de vazamento, segundo a agência Jiji Press.
A medida de evacuação envolve cerca de 45 mil pessoas que vivem dentro do raio de 10 Km em torno do reator.
A TV estatal NHK revelou que o nível de radioatividade fora da central nuclear de Fukushima 1 é oito vezes acima do padrão, mas não representa qualquer risco à saúde da população.
A Força Aérea americana enviou um líquido de resfriamento para a usina nuclear japonesa e a secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou mais cedo que a ação foi tomada depois de operadores da usina terem afirmado que a instalação não tinha líquido suficiente para o processo.
No Japão existem 54 usinas nucleares em operação, 11 delas foram automaticamente desligadas com os tremores e duas estão em construção. A geração nuclear corresponde a 29% da matriz energética japonesa.
De acordo com o José Manuel Diaz Francisco, coordenador de comunicação e segurança da Eletronuclear - subsidiária da Eletrobras que opera usinas termonucleares do país -, as usinas possuem um conceito obrigatório de projeto que inclui a sismicidade (número e intensidade dos sismos que ocorrem em uma região).
"Esse valor é baseado em estudos científicos. No Japão o critério de sismicidade é alto e por aqui muito baixo", conta Francisco, que também explica que Alemanha e Estados Unidos também usam o mesmo critério, usado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, da inglês International Atomic Energy Agency), que integra a Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, Francisco explica que, cientificamente, não é possível ocorrer tsunamis no oceano Atlântico devido ao posicionamento e movimentação das placas tectônicas no fundo do mar.
"Do lado do Atlântico existe uma fenda [entre placas], mas ela é de afastamento lateral e não de formação de degraus como no Pacífico, então não tem formação de tsunamis", explica o especialista da Eletronuclear, que confere a uma "universidade independente" não identificada a confirmação dos estudos que revelaram essa particularidade.
"Não há possibilidade de tsunami do lado direito do Atlântico sul", reitera, categórico.
Questionado sobre o risco que a população japonesa sofre com um eventual vazamento de material radioativo, Francisco diz que as 11 usinas desligadas após os abalos foram por medidas preventivas, por oscilação no sistema elétrico.
Sobre a usina que oferece maior risco nuclear, o especialista explica que o resfriamento forçado não funcionou e que os geradores a diesel internos "falharam e houve perda de energia".
No núcleo do reator as substâncias radiotivas se movimentam em temperaturas já elevadas, de 300ºC a 400ºC, e em volta do núcleo circulam ininterruptamente substâncias com poder de resfriamento. Se esse processo não ocorre corretamente, a temperatura no núcleo pode chegar a 2.000ºC e "vaporizar" as substâncias radiotivas, contaminando o meio ambiente.
Para José Goldemberg, físico e professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), os problemas enfrentados no Japão com as usinas nucleares "só mostram que não há segurança completa".
"Do ponto de vista geológico o Brasil é muito estável, o problema é que o coração do reator tem uma temperatura muito elevada e esse é o maior perigo, o de vazamento. A energia nuclear é um eterno perigo e, com outras opções de matriz, ela não vale o risco", completa Goldemberg.
Já Francisco diz que o Brasil "está preparado para caso de terremotos e outros fenômenos previstos".
Usinas em Angra
Edson Kuramoto, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), reitera os procedimentos de segurança para a construção de usinas nucleares e afirma também que os constantes desligamentos das usinas de Angra (em 2011 já foram três) demonstram a segurança do sistema.
"Isso mostra que os sistemas de segurança estão funcionando. Se elas são desligadas é para garantir a segurança da usina". diz Kuramoto.
No Brasil, o funcionamento das usinas nucleares é fiscalizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). "Eles têm seis residentes na região, que participam de todas as reuniões e fazem as revisões periódicas.
Completam o cerco para a segurança das nucleares o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a IAEA, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle (Abac) e a Associação Mundial dos Operadores Nucleares (Wano, do inglês World Association of Nuclear Operators).
Situação nuclear no Japão
Um nível de radioatividade mil vezes superior ao normal foi detectado em uma usina nuclear do nordeste do Japão, após o tremor que abalou o país na sexta-feira (11/3), informou a agência Kyodo, citando uma comissão de segurança.
Três reatores da central nuclear de Fukushima 2, localizada a 12 km da usina de Fukushima 1, perderam parte de sua capacidade de resfriamento, indicou a companhia Tokyo Electric Power (Tepco).
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, pediu à população que observe um raio de 10 km de isolamento em torno da central nuclear de Fukushima, e admitiu o risco de vazamento, segundo a agência Jiji Press.
A medida de evacuação envolve cerca de 45 mil pessoas que vivem dentro do raio de 10 Km em torno do reator.
A TV estatal NHK revelou que o nível de radioatividade fora da central nuclear de Fukushima 1 é oito vezes acima do padrão, mas não representa qualquer risco à saúde da população.
A Força Aérea americana enviou um líquido de resfriamento para a usina nuclear japonesa e a secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou mais cedo que a ação foi tomada depois de operadores da usina terem afirmado que a instalação não tinha líquido suficiente para o processo.
No Japão existem 54 usinas nucleares em operação, 11 delas foram automaticamente desligadas com os tremores e duas estão em construção. A geração nuclear corresponde a 29% da matriz energética japonesa.
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