Estou criando este tópico com intuito de fazer alguns esclarecimentos a cerca das tecnologias empregadas na fabricação de tv's e monitores atuais, e ajudar assim a dirimir algumas dúvidas e falhas aqui relatadas.
Sou formado em eletrônica e atuo na área a mais de 25 anos, sem contar os anos de infância e adolescência, quando já “mexia” e me interessava por áudio e vídeo, trazendo até hoje a esta paixão, agora com muito mais embasamento técnico.
Gostaria de fazer algumas considerações.
1 - Resolução dinâmica influência e muito na qualidade de uma imagem em movimento, ao contrário de alguns comentários aqui postados. Mas na maioria das vezes só podem ser comparadas estando as duas tv's lado a lado para comparação.
2 - O que realmente importa em uma tv é o nível de contraste (diretamente proporcional ao nível de preto), e a resolução dinâmica, sendo estes itens os grandes responsáveis pela qualidade final da exibição de uma imagem.
3 - A tecnologia plasma, ao contrário do que dizem, é pelo menos 20 anos mais nova do que a técnologia do lcd, e ai vai um pouco de história:
3.1 - O lcd foi inventado nos anos 60, ou antes. Nos anos 70 começou a ser pesquisada a viabilidade do mesmo para exibição de imagens em pb, e nos anos 80 a exibição de imagens coloridas, quando começou a ser usado para telas (pequenas) de notebook's. Devido ao alto custo de produção destas telas e alta porcentagem de perdas nas linhas de produção no controle de qualidade devido aos "pixel's mortos" (a perda era superior a 60%), sempre teve custo muito alto, impedindo incluse a fabricação de telas maiores, acima de 14', pois quanto maior a tela, maior a porcentagem de perda, chegando a alguns casos a 90% da produção. Somente no final dos anos 90 e começos dos anos 2000, e após terem investido bilhões de dólares para pesquisar e chegar a um método de fabricação mais eficiente para telas de lcd, é que a ibm desenvolveu uma tecnologia mais viável de fabricação, chegando a perdas entre "apenas" 20% a 30%, na linha de produção, nível mantido até os dias de hoje. Notem que uma tela, tanto lcd quanto plasma, rejeitada pelo controle de qualidade, não tem mais serventia alguma, não podendo ser "recuperada" voltando a linha de produção, servindo apenas de sucata para reciclagem. Essa quantidade de perda no controle de qualidade, também passou por uma reciclagem do cq, sendo que uma perda entre 10% a 20% de "pixel's mortos" em uma tela de lcd é considerada como "aceitavél" pelos fabricantes, desde que não estejam muito próximos para que não sejam facilmente vísiveis pelos consumidores, não gerando assim qualquer rejeição do painel pelo cq.
3.2 - Nos anos 80, devido aos altos custos do lcd, foi desenvolvida a tecnologia do painel de plasma, para substituição do famoso e velho crt, e que consistia basicamente em fabricar uma tela não com um único canhão de elétrons, mas com vários, milhares e atualmente milhões de micro-tubos, cada um responsável por um ponto (pixel) na tela. Essa tecnologia também tinha problemas como:
A- alto custo de produção, não somente pelo material empregado, como pelo maquinário exigido.
B- perdas na linha de produção superiores a 10%
C- alto consumo de energia
D- frágilidade do painel, exigindo uma segunda camada de vidro frontal na tela, o que gerava muito reflexo na tela da tv.
E- efeito "burn-in" muito maior do que nas telas de crt devido a proximidade do feixe de elétrons ao anteparo. Notem que este problema acontecia já nas tv's de crt, mas não era muito acentuado.
F- baixa durabilidade da tela, (por volta de 2000 a 5000 horas), esgotando-se rápidamente o seu tempo de vida útil.
G- telas de plasma só eram viáveis técnica e comercialmente, acima de 40', impendindo que tv's menores e mais baratas pudessem ser desenvolvidas e comercializadas, restringindo muito o mercado, acostumado a tv's de no máximo 29'. Esses problemas, seguido pelo desenvolvimento do novo processo de fabricação de lcd's, levou a indústria eletro-eletrônica a correr atrás e desenvolver telas maiores em lcd para suprir o mercado, e desenvolver novas tecnologias de reprodução. Alguns fabricantes continuaram a apostar na tecnologia do plasma, acreditando que esta ainda tinha muito a evoluir, e que não iriam de uma hora para outra descartar o investimento feito na mesma.
3.3 – Com o passar dos anos, o desenvolvimento das duas tecnologias evoluiram, e muitos dos problemas foram, quando não eliminados, drásticamente reduzidos.
4 – Alguns problemas são inerentes e crônicos e dificilmente poderão ser resolvidos, devido ao tipo de tecnologia empregada e seu pricipio de funcionamento.
4.1 – O nível de preto de uma tv de lcd, nunca poderá ser satisfatório, a menos que inventem um “cristal líquído” com luz própria, pois seu funcionamento baseia-se em permitir ou não a passagem de luz por um ponto, e essa luz tem de ser necessáriamente, a mais branca possível, sobe pena de perder-se a reprodução fiel das cores, ao mesmo tempo em que tem de ser a mais forte possível, sob pena de não haver brilho. Tendo então de fazer uso de uma luz externa (“back-ligth” ou luz trazeira) com estas caracteristicas, e sabendo que nenhum “cristal líquido” pode ser perfeito, (barrando 100% da luz que se encontra por trás do pixel), chega-se a um entrave tecnológico e físico dificil de ser resolvido, pois ele só poderá ser resolvido eliminando-se o “back-ligth” das telas.
4.2 – O nível de preto das telas de plasma é realmente muito melhor que o das tv’s de lcd, e muito mais fácil de ser resolvido, pois o seu nivel de preto é tão grande quanto grande for o nível de preto do vidro frontal da tela, mas isso também implicará em fazer um pixel de plasma mais “forte” para emitir mais luminosidade.
4.3 – O problema do reflexo nas telas de plasma realmente incomoda proporcionalmente a quantidade de luminosidade do ambiente, problema esse também muito presente nas tv’s de crt (ou tubo, como preferirem), sendo esse problema muito menor nas tv’s de lcd devido ao material usado no painel frontal.
4.4 – O problema da resolução dinâmica realmente incomoda nas tv’s de lcd, em alguns modelos mais antigos chega a ser insuportável assistir a um bom filme de ação. O tempo de resposta de um cristal líquido, apesar de ter evoluido muito, está diretamente ligado as proriedades físicas do material empregado, e por ser uma reação quase mecânica das moleculas com estas caracteristicas, a menos que se encontrem ou desenvolvam novos materiais realmente revolucionários, uma reação mecânica nunca poderá ter velocidade superior a uma reação ótica, como ocorre nas telas de tubo e plasma.
4.5 – O efeito de “burn-in” ou manchas na tela das tv’s de plasma, apesar de não terem sido completamente eliminados, atualmente são raros, devido ao desenvolvimento de tecnologia, que na realidade, nunca deixa o pixel complemente aceso continuamente, mas piscando a uma frequencia muito alta, e também com a diminuição da potência relativa necessária ao “acendimento do pixel”. Notem que apesar de extremamente raras atualmente, estas ocorrências não estão descartadas completamente, assim como nunca estiveram também nos crt’s, sendo sua ocorrencia quase tão frequente como nas antigas tv’s de tubo. Existe ainda um efeito de retenção temporária da imagem nas tv’s de plasma, mas só é perceptivel quando da tv desligada e com o uso normal da tv ele desaparece por si só, não causando nenhuma perda de qualidade ou incoveniente no seu uso.
4.6 – Apesar de apregoarem angulos de visão das tv’s de lcd por volta de 170 graus, ou a mesma de tv’s de tubo ou plasma, essa tv’s exibem uma perda de cores e contrastes acentuados quando vistas por angulos superiores a 30 graus, tornando a fidelidade de imagens e cores simplesmente sofriveis. Ou seja, em angulos acentuados, você realmente pode ver a imagem, mas com uma qualidade muito inferior, a qualidade total da imagem de uma tela lcd só é conseguida a um ângulo de zero a 10 graus. A solução desse problema passa pelo mesmo dilema do item 4.1 citado acima, devido ao “back-ligth”.
4.7 – Quanto ao consumo excessivo de energia de uma tv de plasma em comparação com as tv’s de lcd e de tubo convem explicar o seguinte: A- o consumo de energia que consta tanto no manual do aparelho quanto no selo obrigatório na tampa trazeira do mesmo, indica (como em todo aparelho elétrico) o consumo máximo de energia que o mesmo poderá consumir em watt’s, assim um aparelho poderá necessitar de no máximo xxx watt’s, mas nunca mais que isto, isso não significa que ele vai sempre gastar os xxx watt’s indicados.
B- tanto as tv’s de plasma quanto as de lcd, tem um consumo de energia variável, de acordo com o brilho, a imagem e a até o volume do áudio que ela esta reproduzindo.
C- nas tv’s de plasma, essa variação é muito mais acentuada, devido ao seu principio de funcionamento, que “liga” ou “desliga” um ponto na tela, aumenta ou diminui sua “potência” gastando mais ou menos corrente elétrica (ampéres), a qual é diretamente proporcional ao consumo em watt’s. Nas tv’s de lcd, este consumo é mais linear, com uma variação muito menor do consumo, uma vez que 80% a 90% do consumo de uma tv de lcd estar na potencia das lâmpadas trazeiras que fazem a iluminação da tela. Nas tv’s de tubo, essa potencia também é variavel, ficando esta variação em um nível intermediário entre o plasma e o lcd.
D- assim sendo, o consumo de uma tv de plasma que tenha um consumo máximo de 350 watt’s, em funcionamento normal, teria um consumo real variando entre 100w e 280w, tendo um consumo médio de 190w Uma tv de lcd de mesmo tamanho por sua vez, com um consumo máximo de 280w, na mesma situação acima, teria um consumo real variando entre 150w e 200w, tendo um consumo médio de 175w. Uma tv de tubo encontra-se em uma posição intermediária entre as duas situações acima.
5 – Tirando as posições mais apaixonadas entre os defensores de uma ou outra tecnologia, convem fazer algumas considerações finais, com o conhecimento que adquiri e acompanhei durante todos esses meus anos de audiófilo, videófilo e profissional da área.
5.1 – Primeiramente, não estou defendendo nenhuma tecnologia, pois não tenho nenhum interesse nisso, apenas quis compartilhar com os membros deste fórum meu conhecimento.
5.2 – Atualmente, a tecnologia de plasma, colocando-se na balança os prós e contras de ambas a tecnologias, é a melhor opção para quem quer uma tv de boa qualidade sobre todos os aspectos. Em um passado não muito distante isto não ocorria.
5.3 – Alguns problemas da técnologia lcd são, a meu ver, insolúveis, pelo menos em curto espaço de tempo, e se esta tecnologia pode evoluir no futuro, outras também o farão.
5.4 – O lcd não foi inventado e desenvolvido para reproduzir imagens em movimento, e sim imagens estáticas ou com pouca movimentação, como em monitores de computador. Ele foi empregado para fabricação de tv’s, devido a problemas de mercado já explicados anteriormente.
5.5 – Não acredito que nenhuma das tecnologias atuais usadas para fabricação de tv’s e monitores tenham um futuro muito promissor, devido ao desenvolvimento constante de novas tecnologias e a velocidade que estão acontencendo, mas é o que temos por agora, e se formos esperar pela próxima novidade desta área, nunca iremos adquirir nada, pois a próxima sempre será melhor que a anterior.
5.6 – não creio que a tecnologia de tv a laser seja viável a curto, médio ou longo prazo, devido as suas caracteristicas, alto custo e direito proprietário que a mitsubishi insiste em reter para si.
5.7 – A sanyo do japão tambem desenvolveu uma técnologia própria que já morreu antes de nascer.
5.8 – A tecnologia do futuro na realidade é o oled (led organico), pois nada se compara a ele em todos os requisitos, em custo, suas telas são fáceis e baratas de produzir, apesar de dizerem o contrário a tecnologia para produzi-los já esta ai, pronta para ser usada, e ainda não está sendo por uma questão mercadológica, mas o futuro não está tão distante como dizem, e apartir de 2010 ele vai ser alavancado como um foguete. Quem viver verá.
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