domingo, 9 de janeiro de 2011

A batalha do iPad com o Kindle



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A Amazon, loja on-line americana, anunciou que o aparelho leitor de livros Kindle virou, neste Natal, o produto mais vendido de sua história. A empresa não divulga o número absoluto das vendas. Só diz que ultrapassou o último livro da série Harry Potter, de J.K. Rowling. “Vemos que várias pessoas que compram Kindles também têm um tablet com tela de cristal líquido (LCD)”, afirma Jeff Bezos, dono da Amazon.

O sucesso aparente do Kindle é surpreendente diante do êxito de seus concorrentes naturais, os tablets, que, além de funcionarem como leitores, têm cor, jogos, navegam na internet... A Apple anunciou ter vendido 4 milhões de iPads até outubro. Analistas estimam que as vendas fechem o ano em 8 milhões de unidades. A Samsung afirma ter vendido 1 milhão de Galaxy Tab, seu tablet que roda o sistema Android, do Google.

Os dados aparentemente não confirmam a expectativa de que os tablets, como o iPad ou o Samsung Galaxy Tab, tornariam inúteis os leitores de livros (ou e-readers). Os aparelhos, equipados com telas coloridas, sensíveis ao toque, permitem que se instale neles as lojas on-line das livrarias. A própria Amazon oferece um aplicativo do Kindle para iPad e Android. Então por que os e-readers não sentem o baque?

Por um lado, a tecnologia única da tela dos e-readers, a tinta eletrônica, oferece um conforto que a tela de cristal líquido dos tablets não consegue dar. Ela é feita de várias microesferas com um pigmento preto, que assumem a forma das letras (ou das fotos em preto e branco). A tela não emite luz, como a página de um livro de papel. Isso facilita a leitura ao sol e, para alguns, cansa menos a vista. Segundo Bezos, também incomodaria menos do que o cristal líquido luminoso para ler de noite, na cama. Além disso, os e-readers são menores e mais leves que os tablets, o que faz diferença depois de horas de leitura. A bateria dos e-readers dura mais de dez dias, enquanto os tablets mal chegam a dez horas, uma vantagem para quem viaja. Outro fator é o preço. A Amazon baixou o Kindle para US$ 139 (nos Estados Unidos). Outros concorrentes, como a Sony, vendem alguns modelos de e-readers por US$ 179. No mercado americano, é a faixa de preço das compras por impulso. Os tablets custam a partir de US$ 500.

No longo prazo, porém, até o Natal de 2011, os sinais são contraditórios. Os leitores de livros devem melhorar: há vários fabricantes apostando neles. A Positivo, no Brasil, lançou o Alfa, que já vem embarcado com as lojas da Saraiva e da Livraria Cultura. A Fnac francesa vende seu leitor próprio na Europa. Mas os tablets também vão evoluir. Em 2011, dezenas de fabricantes, como a Toshiba e a Sony, deverão anunciar tablets mais baratos e leves, que reduzirão a vantagem comparativa dos e-readers. E a livraria americana Barnes & Noble, que lançou seu Nook, o primeiro grande concorrente ao Kindle nos EUA, aderiu ao cristal líquido. Seu Nook Color é praticamente um tablet com sistema Android. Pode ser um indicador de que o tablet está vencendo. Pelo menos no mercado de apostas das empresas.

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